A educação convencional — seja ela realizada no âmbito familiar, comunitário ou escolar — se sustenta basicamente em duas premissas falsas e falhas:
A) A premissa de que os pais e a família, E/OU a comunidade mais próxima e mesmo a mais remota, E/OU uma instituição especializada, a escola, esta dirigida e operada por pessoas que não conhecem as crianças e não possuem em relação a elas nenhum laço afetivo, têm o direito moral de definir, controlar no detalhe e micro gerenciar o destino das novas gerações;
B) A premissa de que essas três instâncias (a família, a comunidade e a escola) têm o conhecimento teórico e o know-how prático para fazer isso (definir, controlar no detalhe e micro gerenciar o destino das novas gerações).
A principal crítica à educação convencional é de que ela, de um lado, não tem o direito moral, nem, de outro lado, tem o conhecimento teórico e o know-how prático para fazer isso, neste segundo caso sem violar a liberdade, a autonomia, e a integridade das crianças. Essa crítica admite que a sociedade atual detém conhecimento teórico e o know prático para definir o destino das novas gerações, pois é isso que vem fazendo, mas também sabe, ou deveria saber, que sua aplicação desse conhecimento e know-how na educação das novas gerações é uma violência contra elas, e, por conseguinte, algo imoral. Assim, no fundo, a principal crítica à educação convencional é, no fundo, e em última instância, uma crítica eminentemente moral.
Essa crítica se torna ainda mais séria quando a educação das novas gerações é predominantemente escolar e a instituição escolar é predominantemente estatal, isto é, financiada, controlada e operada pelo Estado, pois, nesse caso, a educação pode passar a servir a objetivos totalitários, nunca admitidos mas muitas vezes evidentes. O fato indisfarçável de que certas tendências político-ideológicas defendem a tese de que toda a educação básica deve ser pública, vale dizer estatal, e de que ela deve começar tão cedo quanto possível e terminar o mais tarde quanto viável, é evidência de sua inspiração totalitária e liberticida, pois visa a entregar ao Estado o destino das novas gerações.
A única forma eficaz de combater essa tendência é lutando por uma educação libertária, que é, ao mesmo tempo, de um lado, desestatizada e desescolarizada, e, de outro lado, alicerçada na liberdade, na autonomia e na integridade da pessoa humana, mesmo da criança, e de seu direito de, no momento adequado, definir seu projeto de vida e seu itinerário de desenvolvimento para transformar esse projeto em realidade, no ritmo e na forma que mais lhe sejam adequados em todos os aspectos envolvidos.
Embora pais e família, e, em sua falta, a comunidade mais próxima, tenham, mais do que o direito, o dever, de cuidar adequadamente de suas crianças, até que sejam capazes de tomar para si a tarefa de definir e executar o seu projeto de vida, e, assim, marchar para o seu destino, esse dever não pode ser exercido sem total respeito pela liberdade, autonomia e integridade das crianças e claramente visando a não coibir ou mesmo negativamente interferir com essa liberdade, autonomia e integridade.
EDUARDO CHAVES
Em Salto, 18.4.2021
Categories: Liberalism
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