Nasci em 1943 (foi em 7.9, mas vou fazer de conta que foi 1.7, para eliminar alguns quebrados). Há uma semana, acabamos de viver 2024. Estou com 81,5 anos, portanto.
Meu primeiro emprego teve início em 2.1.1959. Foi no Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S/A, em Santo Andre. Depois de me aposentar da UNICAMP em 7.1.2007, ainda trabalhei no UNISAL (01.2007 a 06.2016, nove anos e meio) e na FATIPI (07.2014-06.2017 (três anos, sendo dois em sobreposição com o UNISAL). O período de 01.1959 até 06.2017 compreende 58,5 anos. Mas de 7.2017 até agora (12.2024) trabalhei, sem registro, em casa, durante mais 7,5 anos, escrevendo livros e produzindo artigos de blog, dando palestras, etc. Somados aos 58,5 anos desde quando comecei a trabalhar formalmente dá 66 anos.
Mas dentro desse período (01.1959 até 12.2024) não trabalhei durante 11,5, de 01.1961 até 06.1972, em que eu estudei em tempo integral. E nos primeiros 15,5 anos de vida eu apenas flanei e estudei. Ou seja: dos 81,5 anos de vida que tenho, eu não trabalhei, de nenhum jeito, durante 27 anos (15,5 + 11,5).
Como estou com 81,5 anos, e não trabalhei, durante eles, por 27 anos, eu trabalhei, ao longo da minha vida, durante 54,5 anos. (Continuo a trabalhar, mas isso não entra nesta conta.)
Quando eu comecei trabalhar, em Janeiro de 1959, a gente se aposentava com trinta anos de serviço. Se essa norma ainda estivesse em vigência, com mais 5,5 anos de trabalho eu completaria sessenta anos de trabalho e, em tese, faria jus a uma segunda aposentadoria…
Sonhar é bom e não custa nada.
Salto, 7 de Janeiro de 2025.
(Minha Tia Alice e meu Tio Anello faziam anos neste dia, 7.1. E eram casados. Sempre achei isso uma notável coincidência).
Categories: Liberalism
Questiono, professor, com o maior respeito e curiosidade em ouví-lo: sente que perdeu parte de algo/parte da vida em todos esses anos de trabalho? Tempo com a família, com os pais, os filhos? Explico: a minha geração, mas falo mais pessoalmente, preocupa-se hoje com a qualidade de vida, o que, nem sempre, com tantos anos de trabalho e tantas atribuições, fosse possível atingir.
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Oi, Mariana, não tenho nenhuma sensação, absolutamente nenhuma, de que perdi parte da minha vida com os anos que passei trabalhando. Pelo contrário, o trabalho sempre foi uma parte muito importante e fundamental da minha vida. Continua sendo, porque, mesmo não estando mais empregado, continuo a trabalhar com afinco, lendo, refletindo, escrevendo, às vezes palestrando (hoje em dia quase só online). Não acredito que haja separação entre a vida e o trabalho. A vida abrange tudo aquilo que nos realiza, e o trabalho faz parte importante e fundamental dela. É verdade que o trabalho absorve (não diria “rouba”) parte do tempo que poderíamos dedicar à família, ao lazer, ao descanso, o sono… Mas acho possível integrar tudo isso em uma vida sem conflitos entre uma parte e a outra. Para isso é preciso que o cônjuge esteja integrado ao processo ao seu processo de viver e você ao processo de viver de seu cônjuge, e, quando há filhos, que os filhos participem no processo de vida dos pais, até que eles passem a ter uma vida um pouco mais separada. A Paloma e eu temos interesses muito afins e parecidos. Somos os dois professores, atuamos em áreas próximas, discutimos as coisas que nos interessam, trocamos opiniões etc. É verdade que há aspectos em que precisamos negociar. Ela tem muito mais envolvimento na igreja do que eu, ela gosta muito mais de viajar do que eu (que já viajei mais do que devia…). Mas tudo isso tem que ser parte de um esforço comum de combinar projetos de vida individuais em um projeto de vida comum.
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