FILOSOFIA DE VIDA

01. Não me parece que a vida humana tenha um sentido metafísico independente de nossos sonhos, desejos, e objetivos, ou que Deus tenha um plano para cada um de nós.

02. Estou convicto de que a “programação” genético-biológica do ser humano é razoavelmente aberta, permitindo que construamos a nossa vida em função de nossos sonhos, desejos, e objetivos.

03. Assim, damos sentido à nossa vida quando definimos uma visão coerente daquilo que queremos nos tornar ao longo do tempo que nos é dado viver e lutamos para transformar nossos sonhos em realidade, para tanto tendo permanente motivação e buscando desenvolver as competências necessárias para alcançar sucesso nesse projeto de vida.

04. Felizmente, vivemos, em média, o suficiente para rever nosso projeto de vida mais de uma vez, fazer correções de rumo, e, assim, nos reinventar (algo ao qual devemos estar sempre abertos).

05. A pré-condição individual para essa filosofia de vida é a autonomia e a pré-condição política é a liberdade: por isso, sou radicalmente liberal, no velho sentido do termo (liberdade negativa, laissez faire, estado mínimo construído em cima do reconhecimento de direitos individuais invioláveis).

PROJETO DE VIDA

06. Gosto muito do que faço, mas gostaria de poder fazer várias outras coisas também – que não faço porque o tempo é limitado: o tempo de um dia e o tempo de uma vida.

07. Primariamente, o que faço é refletir sobre a vida e o mundo, compartilhar o que pensei através de ensaios, artigos, crônicas, e outros trabalhos escritos, e discutir com os outros as críticas que fazem ao que escrevi.

08. Secundariamente, compartilho minhas reflexões através de aulas, palestras, conferências, seminários, oficinas, etc.

09. Não creio que tenha talento para a ficção e a poesia, embora nunca tenha tentado seriamente fazer essas coisas.

10. Se pudesse optar por fazer alguma outra coisa, minhas três primeiras escolhas seriam na área artística: a) ser diretor de cinema; b) ser regente de orquestra; c) ser músico (piano, ou violão, ou violino, ou óboe).

ESTILO DE VIDA

11. Gosto de sossego e tranquilidade, não gosto de grandes ajuntamentos nem de locais onde muita gente fala ao mesmo tempo e muito alto e dá muita risada escancarada.  

12. Gosto de ler, ouvir música, ver filmes, e conversar tranquilamente com pessoas inteligentes e interessantes, sem que um esteja tentando convencer o outro de nada.  

13. Gosto de andar sem destino pré-determinado, explorando o local em que me encontro, cidade ou campo, e de viajar, sem planos, agendas e cronogramas muito rígidos – e sem malas muito grandes e pesadas.

14.  Embora nunca tenha feito diários de viagens (ou de qualquer outra coisa) até o surgimento dos blogs, hoje sou fã incondicional de blogs e, portanto, registro regularmente o que penso e faço em diversos blogs, que eu levo extremamente a sério. 

15. Embora precise dormir, como todo mundo, acho as horas dormidas um enorme desperdício de tempo, e adoraria se alguém inventasse uma pílula que restaurasse as energias de nosso corpo e de nossa mente, sem que precisássemos dormir.

HÁBITOS

16. Minha comida salgada favorita é arroz, feijão e carne moída, tudo misturado um com o outro e com farinha de mandioca, ou, então, arroz, feijão, calabresa fatiada, e batata frita, e meu doce favorito é goiabada cascão com queijo de Minas meia-cura, paçoquinha de rolha sendo uma alternativa viável.

17. Em casa, sempre ando descalço, com um shorts e uma camiseta confortáveis e, de preferência, bem surrados.

18. Tenho dificuldade em dar ou até mesmo emprestar as minhas coisas, mesmo quando não as uso mais ou estou razoavelmente certo de que nunca mais precisarei delas.

19. Das coisas materiais que possuo, meus livros, meus discos (CDs ou discos de vinil), e meus filmes (DVDs ou vídeos-cassete) são as mais importantes, roupas e sapatos sendo, talvez, as menos importantes (embora nem deles goste de me desfazer).

20. Sou, na superfície, bastante desorganizado com minhas coisas, mas, num segundo plano, mais profundo, tenho princípios de organização que funcionam bastante bem para mim.

VALORES

21. Sou caseiro: não gosto de sair de casa meramente por sair, em geral me sentindo extremamente bem nos lugares em que vivo.

22. Convivo relativamente bem com a solidão e, quando não estou sozinho, com o conviver silencioso: não sou um falante compulsivo, nem aprecio muito os que são.

23. Apesar disso, gosto muito de estar junto das pessoas a quem amo ou particularmente admiro e derivo prazer e satisfação de minha interação com elas.

24. Mas não suporto gente que, usando a alegação de amizade, não se manca e acha que tem o direito de ficar se metendo na vida dos amigos…

25. Sou bastante tolerante, lidando bem com diferenças em ideias e estilos de vida, e detesto a intolerância, o fanatismo, e, naturalmente, a burrice…

CONCLUSÃO

26. Há muitas outras coisas importantes que eu poderia compartilhar sobre mim, mas vários fatores me impedem de fazê-lo agora – e, infelizmente, não vou dizer quais são esses fatores.

São Paulo, 28 de Fevereiro de 2009

Revisto em Salto, 4 de Fevereiro de 2025

Categories: Liberalism

Tags: autoconhecimento, Vida