Religiões poderiam até ser coisas boas se:
- NÃO exigissem exclusivismo de seus membros (“Só a nossa religião é verdadeira e boa”):
- NÃO induzissem fanatismo em seus membros (“Nossos membros devem defender nossa religião, e criticar as demais religiões, e os agnósticos, céticos e ateus, em todas as ocasiões e circunstâncias, e da forma mais aguerrida”);
- NÃO dessem prioridade e primazia a crenças, em especial àquelas que requerem algum “sacrificium intellectus” por parte da maioria das pessoas, como nascimento virginal, ressurreição física, ascensão aos céus, retorno à terra de alguém que já está morto há perto de dois mil anos, predestinação dupla que condena ao fogo eterno crianças que morrem logo depois de nascer, se não forem individualmente eleitas, cuidado micro providencial à vida humana na terra que determina um plano específico de vida para cada ser humano que nasce e sobrevive, que impede que um fio de cabelo de nossa cabeça caia, ou até mesmo que um animal terrestre, aquático ou aéreo fique doente e morra, ou mesmo se machuque ou passe fome, sem que Deus o determine, etc. (muitas outras poderiam ser acrescentadas).
Até aqui foquei os aspectos negativos: o que as religiões não deveriam focar.
Vou agora focar resumida e rapidamente os aspectos positivos, aquilo que, a meu ver, as igrejas devem fazer (no primeiro caso) ou podem fazer (no segundo caso), desde que respeitados os princípios negativos mencionados anteriormente.
- Dessem prioridade a valores morais essenciais, que, de um lado, contribuam para a dignidade, a qualidade, a liberdade e a realização da vida dos seres humanos, bem como para o respeito entre os seres humanos, e que, de outro lado, promovam a convivência pacífica e tranquila entre as pessoas e os povos, apesar das diferenças inevitáveis que existem entre eles, ignorando por completo questões como o que as pessoas vestem (e como se vestem), o que as pessoas comem, o que lêem, o que pensam, como se divertem, o que fazem em privado quando estão sozinhas ou, se estiverem com outra pessoa, com mútuo consentimento, etc.
- Promovessem a discussão pacífica e tolerante de ideias (inclusive religiosas) que possam nos ajudar a todos a entender melhor o universo em que vivemos, a vida preciosa mas curta e facilmente perecível que temos, o poder da nossa mente para produzir ideias, bens e serviços que melhorem a qualidade de vida de todos os seres humanos, a transformação das sociedades humanas em ambientes pacíficos, tolerantes e tranquilos, focados não só na realização pessoal individual, mas na gradual transformação da terra, o nosso, habitat, aqui e agora, em algo parecido com o céu que quase todas as religiões já parecem almejar, embora apenas para uma vida futura.
Em Salto, 30 de Junho de 2025
Eduardo CHAVES
Categories: Liberalism
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