Consta que, no dia de hoje, 4 de Setembro, do ano de 476 AD, Romulus Augustulus foi forçado a abdicar do trono do Império Romano no Ocidente, pondo fim a esse Império, que existia, cobrindo originalmente tanto o Ocidente como o Oriente, desde o ano 27 AC (alguns autores preferem a data de 31 AC, quando ele derrotou Marco Antonio, o da Cleópatra, na Batalha do Actium), quando aquilo que havia sido a República Romana se tornou o Império Romano, tendo Otaviano (sobrinho-neto, tornado filho adotivo, de Júlio César, assassinado em 44 AC) sido sagrado Imperador com o nome de César Augusto. A data de 27 AC é geralmente considerada como a do início da chamada Pax Romana, que durou por quase três séculos.
(Embora seu nome original de César Augusto fosse Gaius Octavius, depois da adoção por Júlio César seu nome oficial se tornou Gaius Julius Caesar Octavianus, que carregava um peso maior – tanto que ele gradualmente abandonou o sobrenome Octavianus para realçar sua filiação, ainda que adotiva. O título oficial que ele se deu, depois de sagrado Imperador, foi Imperator Caesar Divi filius Augustus – Imperador César Augusto, filho do Divino. O “Divino”, no caso, deve ser interpretado como uma referência adicional a Júlio César, divinizado. César Augusto reinou até o ano 14 AD, e era o Imperador Romano na época em que Jesus nasceu na Palestina, que estava sob domínio romano. Ele é mencionado no Novo Testamento com o Imperador que decretou a realização do censo que obrigou os pais de Jesus a irem de Nazaré até Belém da Judeia, perto de Jerusalém, para se registrarem. Vide Lucas 2:1.)
Em diversas ocasiões, no início da Era Cristã, o Império Romano teve dois Imperadores, não competindo um com o outro, mas dividindo o exercício do poder, um no lado Ocidental, o outro no lado Oriental, dada a vastidão territorial do Império. Às vezes os dois Imperadores, denominados “Augusto”, eram até mesmo ajudados, cada um deles, por um Imperador Adjunto, denominado “César”. Constantino, o Imperador Romano que se converteu ao Cristianismo em 312 AD, tornou o Cristianismo uma religião lícita (entre outras), através do Edito de Milão, em 313 AD, pondo fim às perseguições dos cristãos.
Constantino unificou os dois lados do Império, sob seu controle, em 317 AD e reinou até 337 AD.
Não contente com as mudanças que ele já havia realizado, Constantino resolveu construir uma cidade nova para se homenagear, dando a ela, imodestamente, o nome de Constantinopla. Construída no local em que anteriormente existiu a cidade de Bizâncio, e que hoje é Istanbul. Em 330 AD, quando a construção da cidade foi concluída, Constantino a transformou na capital do Império Romano Unificado.
É importante registrar que o Imperador Constantino, tendo se convertido cristão, não só tornou o Cristianismo uma religião lícita (entre outras) no Império (unificado), mas deixou claro que ela era a religião favorita do Imperador (embora ele só tenha se deixado batizar momentos antes de sua morte, para que pudesse entrar no céu com a “ficha limpa”, sem nenhum pecado pós-batismal). E Constantino não teve nenhum constrangimento em ajudar sua religião favorita, privilegiando os cristãos na escolha dos ocupantes dos mais altos cargos na hierarquia imperial, pagando subsídios a bispos e metropolitanos, e dando início a um intenso programa de construção de igrejas e basílicas, entre as quais a original Basílica de São Pedro, em Roma, e a Basílica de São Paulo, nas proximidades da cidade.
Assim, na prática, o Cristianismo se tornou a religião oficial do Império. Coube ao Imperador Teodósio, no entanto, que era Imperador no Ocidente (depois de nova divisão do Império subsequente à morte de Cnstantino), dar o passo adicional e tornar o Cristianismo a única religião lícita, e, portanto, a religião oficial, do Império inteiro, depois de seu colega, o Imperador Oriental, endossar a sua decisão.
Mas durou pouco a sua decisão. Em 476 AD, no dia que é relembrado hoje, tribos germânicas do Norte, que já haviam sitiado Roma em 410, derrubaram e encerraram o Império Romano Ocidental. Odoacer foi o heroi a fazer isso. Essa data é considerada o marco que indica o fim da Antiguidade no Ocidente.
O Império Romano Oriental (que, perdida a conexão com Roma, ficou conhecido como o Império Bizantino) continuou até 1453, quando Constantinopla foi tomada pelos Turcos. Essa data é considerada o marco que indica o fim da Idade Média no mundo inteiro (e o início da Idade Moderna, ou Pré-Moderna).
Entrementes, no Ocidente, criou-se, com sede na Europa Central, a partir do Dia de Natal do ano 800 AD, um Sacro Império Romano do Ocidente (SIRO), comandado originalmente por Carlos Magno (Charlemagne), com o beneplácito da Igreja Católica Romana, através do Papa. Inicialmente nas mãos dos Francos, o SIRO passou no século seguinte para mãos Germânicas, e veio a durar mil anos, só sendo encerrado em 1806, quando o último Imperador, Francisco (Franz) II, foi deposto por Napoleão Bonaparte e ficou reduzido a Imperador da Áustria (como Francisco / Franz I da Áustria). Apesar disso, e para não perder também a Áustria, ele, em 1810, deu sua filha mais velha em casamento a Napoleão Bonaparte, que substituiu sua primeira mulher, Josefina, abandonada.
Francisco / Franz II também foi pai de nossa Imperatriz Leoopoldina, que, portanto, além de filha do último monarca do Sacro Império Romano no Ocidente, foi cunhada do (por um tempo) todo-poderoso Napoleão Bonaparte…
Enfim, apesar das inúmeras digressões deste artigo, fica evidente que o primeiro Imperador Romano, César Augusto, em cujo reino nasceu o fundador do Cristianismo, iniciou um período de paz, prosperidade e expansão nos territórios do Império Romano, que se tornou verdadeiramente global, dentro da realidade conhecida naquela época. Esse período de Pax Romana Globalizada durou até o final do reinado do Imperador (e filósofo) Marco Aurélio, em 180 AD — isto é, por cerca de 210 anos.
Salto, em 4 de Setembro de 2019 / Revisado em 5 de Setembro de 2019
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476 Romulus Augustulus, last Western Roman Emperor, abdicates after forces led by Odoacer invade Rome. Traditional End of the Western Roman Empire
Categories: Globalization, Holy Roman Empire in the West, Roman Empire
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