Acabei de ver uma propaganda de um livro chamado O Direito à Educação Domiciliar.
Não! Está errado.
Não deve ser esta a ênfase. O que os caras que escrevem esses livros querem é poder criar uma escolinha em casa para obrigar os filhos a estudarem em casa as mesmas baboseiras que lhes é ensinada na escola — e, no fim, ainda os submeterem a um exame nacional controlado pelo Estado para ver se aprenderam.
O certo é lutar pelo Fim da Escola Compulsória. FIM, THE END, DAS ENDE, FINIS.
Quando a Escolaridade Compulsória terminar — e vai terminar, porque nada (exceto Deus, convenhamos) é eterno, e aquilo que um dia começa um dia também termina — nós reconquistaremos o nosso direito de nos educar em casa, na igreja, na rua, no brinquedo, no lazer, no trabalho, na leitura, nas viagens, nos meios de comunicação, na Internet — ANYWHERE, ANYTIME & ANYHOW. Sem ninguém meter o bico no que a gente aprende e como a gente aprende, porque a sua vida é SUA e a educação é SUA, e a minha vida é MINHA e a minha educação é MINHA — e cada um que cuide do que é seu. Se fizer isso já está ótimo.
Na verdade, você e todo mundo já tem o direito a uma educação domiciliar. Use-o, depois da escola, no fim de semana, nos feriados, depois de que fizer 18 anos, quando se aposentar… O PROBLEMA é que não sobra muito tempo, em especial se você está numa daquelas malditas escolas de tempo integral em que você fica encarcerado o dia inteiro — só está livre à noite. Oposta à prisão domiciliar, que permite que você saia de dia, para trabalhar, etc., a escola obrigatória de tempo integral encarcera você de dia e só solta à noite, pra você dormir em casa, quando já está um bagaço.
Eu, felizmente, na minha época, tive apenas quatro anos de escolarização obrigatória (o chamado Curso Primário, oferecido, no meu caso, em um Grupo Escolar, em Santo André).
Fiz o Curso Primário naquele interregno de 15 anos entre a aprovação da Constituição de 1946 e a aprovação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB-EN), em 1961. As brilhantes inteligências nacionais precisaram de nada menos do que 15 anos inteiros no Congresso Nacional para conseguir aprovar a Primeira LDB-EN.
Nesse interregno, a Escola Primária durava três horas por dia ao longo de no máximo vinte dias por mês durante um total máximo de 80 dias por semestre ou 160 dias — de três horas! — por ano! Beleza, não? Só havia escola em cerca de 40% dos dias do ano e ainda assim apenas por três horas diárias. E dentro das três horas de aula diária ainda estava incluído o tempo para a entrada (em fila), a chamada, a saída (em fila), o lanche, a disciplina (ficar de pé no canto da sala olhando para a parede por um tempo), etc. Mas, pelo menos, o resto do tempo você estava livre da prisão. Se estudava de manhã, das 11h em diante, pelo resto do dia. E com mais trinta dias de férias em Julho, 15 dias em Dezembro, 30 dias em Janeiro e 30 (28/29) dias em Fevereiro. Sem contar os feriados, que são generosos nessa nossa Terra Brasilis.
Agora a escolarização é obrigatória basicamente dos 3 aos 17 anos (durante cerca de 15 anos, os melhores anos da vida!), o calendário escolar dura 200 dias por ano (e tem gente que quer que seja de 240 dias, como supostamente no Japão ou na Coréia), e a duração do dia escolar se pretende que venha a se tornar simplesmente o dia inteiro!
Daqui a pouco vão querer internar você na escola logo que você nasce e só tirar você de lá aos 21, prontinho, totalmente doutrinado, condicionado, disciplinado, amestrado. Em outras palavras: morto, mesmo que ainda exiba funções vitais.
Não é admirável esse mundo novo? Leia o livro Admirável Mundo Novo (Brave New World), de Aldous Huxley, que estudou e trabalhou na mesma universidade que C S Lewis e morreu no mesmo dia, mês e ano que C S Lewis (e John F. Kennedy). Três grandes artistas perdeu o mundo em um mesmo dia… Lewis foi o maior deles, mas Huxley não era de jogar fora, não…
Aproveite e procure um livro chamado The Twelve Year Sentence, editado por William Rickenbacker. Na época em que o livro foi publicado, a sentença era de doze anos apenas nos Estados Unidos.

Salto, 14 de Setembro de 2021
Eduardo CHAVES
Categories: Liberalism
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