Antes, e desde sempre, a maioria das pessoas achava que o sexo de uma pessoa era algo biologicamente determinado, e que aquilo que uma parte das pessoas hoje chama de gênero, naquilo que é diferente de seu sexo, ou era doença ou não passava de sem-vergonhice da grossa – embora ninguém negasse, naquela época, que essa doença ou sem-vergonhice existisse. O sexo biológico era o padrão (“default“) e o resto, triste ou lamentável, era desvio de ideia ou conduta. Se fosse preciso determinar o sexo da pessoa, bastava pedir ou mandar que baixasse a calça ou que levantasse a saia (ou as saias, caso usassem uma por baixo da outra – às vezes duas: a anágua e a combinação, peças que os jovens de hoje nem sabem o que são).
A esquerda de hoje luta em vão e ingloriamente para inverter a coisa, declarando não só que o gênero pelo qual a pessoa opta é o novo padrão (“default“), mas indo além e pretendendo nos convencer a todos de que sexo biológico simplesmente não existe – o que é uma tese a tal ponto absurda que me surpreende que haja gente que a defenda! Mas nenhum conceito ou comportamento é demasiadamente absurdo a ponto de impedir um bando de esquerdopatas de aceitá-lo.
“Essa moça, linda assim, na verdade é um rapaz”. Lembram-se da história de Rubens Ewald Filho em 4.3.2018, comentando o Oscar, quase dois anos atrás?
Se você já se esqueceu, aqui vai, para reavivar sua memória, o relato que publicou uma revista:
“Forum
05 DE MARÇO DE 2018, 17H55
Transfobia: Comentarista do Oscar diz que atriz Daniela Vega “é um rapaz”
Da Redação
‘ Essa moça na verdade é um rapaz ‘, disparou Rubens Ewald Filho durante a transmissão do Oscar no canal TNT quando Daniela Vega, mulher trans e protagonista de ‘ Uma mulher fantástica ‘, subiu ao palco para receber o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro.
“Um fala transfóbica de um comentarista do Oscar gerou revolta nas redes sociais. Na noite deste domingo, o jornalista Rubens Ewald Filho, responsável pelos comentários durante a transmissão da emissora por assinatura TNT, chamou uma mulher trans de “rapaz”.
O comentário se deu quando a atriz transexual chilena Daniela Vega, estrela do filme ‘ Uma mulher fantástica ‘, subiu ao palco para receber o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro.
‘ Essa moça na verdade é um rapaz, um transexual, mas ela tem um dom artístico muito legal. Isso emoldura o filme ‘, disparou Rubens.
Essa é a primeira vez na história que um filme protagonizado por uma mulher trans [sic] recebe uma estatueta do Oscar.
Confira, abaixo, parte da reação de internautas com relação ao comentário transfóbico de Rubens Ewald. “
[https://revistaforum.com.br/lgbt/transfobia-comentarista-do-oscar-diz-que-atriz-daniela-vega-e-um-rapaz2/]
Fim da transcrição. O que segue é comentário meu à matéria.
Coloco acima a fotografia do rapaz para que todos percebam que a observação de Rubens Ewald Filho, longe de representar homofobia, era exatamente o tipo de esclarecimento que, nas circunstâncias, se espera de um bom narrador e/ou comentarista.
Notem bem: “ela” é uma “mulher trans”, diz a matéria. Se dissessem que ele é “um homem trans” ainda vá lá, porque o dito cujo, presumo, nasceu com um pênis, e se não o tem mais hoje é porque o cortou fora, o que o tornaria um homem amputado, não uma mulher. Mas, para a esquerda, o cara (que verdadeiramente é um rapaz) deixou de ser homem ou rapaz e virou uma mulher ou moça simplesmente porque assim o quis e assim decidiu, e há gente que aceitou o que ele diz e quer que assim seja feito por todo mundo em toda parte da terra, sob pena, não de desconsideração do desejo dele, mas, até mesmo, de “agressão” (talvez uma “miniagressão”, mas em qualquer hipótese uma agressão) à sua identidade…
Agora atacam a escritora que escreveu Harry Potter, J. K. Rowling, não porque ela tenha dito que os ditos trans não existem (ela sabe que existem), mas porque ela afirmou que sexo biológico existe – isto é, que tem gente que tem pênis ou vagina e acha que seu sexo depende do que ela (a tal gente ou pessoa) tem como órgão sexual…
Eis o que ela disse:
“Dress however you please.
Call yourself whatever you like.
Sleep with any consenting adult who’ll have you.
Live your best life in peace and security.
But force women out of their jobs for stating that sex is real?”
[“Vista-se do jeito que você quiser.
Chame-se daquilo que você prefere ser chamado.
Durma com qualquer adulto que consinta em dormir com você.
Viva do jeito que você considera melhor em paz e segurança.
Mas mandar uma mulher embora de seu emprego porque ela afirmou que sexo é algo real é um absurdo.”]
Cito conforme o texto fornecido pela Gazeta do Povo.
[https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/autora-de-harry-potter-e-atacada-por-dizer-que-o-sexo-biologico-existe/]
Que o que J. K. Rowling afirma precise ser reafirmado hoje é evidência adequada do cúmulo dos absurdos a que a visão iliberal de mundo da esquerda nos trouxe.
A esquerda tenta, em vão, nos fazer crer que sexo biológico não existe. Só se não existe apenas para a esquerda, o que explicaria por que o pessoal da esquerda é tão confuso e atrapalhado. Para o resto do mundo, existe, sim.
Em Salto, 20 de Dezembro de 2019.
Categories: Liberalism
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