Os Eduardo Lane de Campinas

NOTA:

Este artigo não é de minha autoria. Creio que seu autor é o Rev. Alderi Souza de Matos, Historiador Oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB). Eu encontrei este artigo no site do Mackenzie em 16.5.2018, no endereço http://www.mackenzie.br/10213.html e fiz uma cópia local para os meus arquivos. Verifiquei hoje, no site do Mackenzie, para poder fazer uma referência ao artigo, a propósito do artigo anterior que postei neste blog (“Eu e os Missionários Americanos no Brasil” — https://chaves.space/2022/01/14/eu-e-os-missionarios-americanos-no-brasil/), mas o artigo não está mais lá no endereço de onde o retirei. O artigo original aparentemente foi escrito a propósito do falecimento do Dr. Eduardo Lane (III), meu amigo e colega na UNICAMP, embora um pouco mais velho do que eu (só 20 anos…), e que, infelizmente, por força das circunstâncias, era reitor do Seminário Presbiteriano de Campinas em 1966 e teve a desagradável incumbência de, por determinação da administração superior da Igreja, me expulsar da instituição, junto com cerca de, pelo menos, quarenta outros alunos. Tenho a satisfação e o privilégio de ser amigo de seus filhos Mary e Billy. [Acho que o sobrenome de solteira da mãe deles está grafado de forma errônea no artigo original. Pelo que me lembro, dos tempos que eu frequentava a Igreja Presbiteriana de Campinas, ainda como menino, é Bollinger, não Bolliger. Mas não tenho certeza e, no momento, nem como conferir.] Por fim, o Rev. Guilhermino Cunha, que falou em nome da IPB no sepultamento de Eduardo Lane (III), também é meu amigo pessoal, desde os tempos em que estudamos juntos no Pittsburgh Theological Seminary (PTS), de Pittsburgh, PA, EUA.

Assim, compartilho o texto a partir da cópia que fiz, dando o endereço de onde o retirei. Se alguém descobrir onde o artigo está disponível hoje no site do Mackenzie ou da Igreja Presbiteriana do Brasil, terei o maior prazer em indicar o link.

O artigo tem que ver comigo porque eu me chamo EDUARDO em homenagem ao segundo Eduardo Lane (Eduardo Lane II, ou Eduardo Epes Lane — há lugares em que o nome do meio é escrito como “Eppes” (com o “p” dobrado, como no artigo. Mary Lane, que trabalha no Instituto Bíblico Eduardo Lane (IBEL) de Patrocínio, MG, cidade em que meu pai nasceu, tem um livrinho em que registra de forma bem mais completa a história dos Lane no Brasil. Nele ela indica que a dinastia dos Eduardo Lane já está no Eduardo Lane VI, nesta data.

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1) REV EDWARD LANE (I) ( -1892)

Rev. Edward Lane foi um pastor e missionário irlandês, radicado nos Estados Unidos da América, que trabalhou no Brasil entre os anos de 1869 e 1892 (ano em que faleceu pelo contágio de febre amarela na cidade de Campinas) colaborando com o desenvolvimento da recém fundada Igreja Presbiteriana do Brasil. Foi um dos fundadores da Igreja Presbiteriana de Campinas e do Colégio Internacional de Campinas.

O Rev. Edward Lane, foi, ao lado do colega George Nash Morton, o primeiro missionário enviado ao Brasil pela Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos (PCUS), a antiga Igreja do Sul. Chegou a Campinas em 1869 e foi o fundador da Igreja Presbiteriana daquela cidade (1870) e do célebre Colégio Internacional (1873), mais tarde transferido para Lavras e denominado Instituto Gammon. Depois de 23 anos de notável trabalho evangelístico e educacional, o abnegado Rev. Lane faleceu em 1892, vitimado pela febre amarela.

2) REV EDWARD EPES LANE (II) (1873-1962)

Seu filho primogênito, Edward Epes Lane (1873-1962), nascido em Campinas, depois de trabalhar como pastor nos Estados Unidos e servir como capelão na I Guerra Mundial, veio para o Brasil com a sua esposa, Mary Abbott Cook Lane, em 1921. A princípio residiu em São Sebastião do Paraíso e em Patrocínio, ambas as cidades em Minas Gerais, tendo consolidado, em Patrocínio, no início dos anos trinta, o Instituto Bíblico que hoje leva o seu nome: Instituto Bíblico Eduardo Lane (IBEL).

O Instituto Bíblico Eduardo Lane teve seus primórdios nos idos de 1926 no chamado Patrocínio College, criado pelo casal Woodson, com a preparação de dois jovens, para o trabalho missionário, especialmente, nas frentes missionárias criadas pela Missão Oeste do Brasil. A partir do Patrocínio-College, o casal Eduardo e Mary Lane, auxiliados por Mss. Frances Hesser, missionários americanos, enviados ao Brasil pela Missão Presbiteriana no Brasil, fundaram o Instituto Bíblico de Patrocínio, em 1933.

A cidade de Patrocínio, fora escolhida por sua localização geográfica privilegiada, no planalto central brasileiro, de clima agradabilíssimo e de fácil acesso, por causa da malha ferroviária e rodoviária, e próxima de grandes centros como: Goiânia, Brasília e Belo Horizonte.

Em 1946 Rev. Lane e Da. Mary fixaram residência em Campinas, terra natal dele. O Rev. Lane muito fez pelo Seminário Presbiteriano, cuja nova sede foi construída em um amplo terreno doado pela família Lane. O Rev. Edward E. Lane e Dona Mary tiveram três filhos:

  • Eduardo (médico)
  • Nancy (que morreu pequena)
  • John (médico)

3) DR. EDUARDO LANE (III) (1923-2002)

Seu neto, Dr. Eduardo Lane (1923-2002), médico, foi professor da UNICAMP e presbítero da Igreja Presbiteriana do Jardim Guanabara, em Campinas.

Nasceu no dia 18 de setembro de 1923, em São Sebastião do Paraíso, MG, e faleceu em 28 de junho de 2002, em Campinas.

Fez os estudos primários e secundários em diferentes cidades nas quais o pai foi pastor e concluiu o curso colegial no Mackenzie College, em São Paulo. Nessa época, residiu em uma casa para filhos de missionários, inicialmente localizada na Rua Cubatão e administrada por D. Bessie Allen, e depois transferida para instalações mais amplas na Alameda Campinas, sob a supervisão de D. Esther McIntire, esposa do Rev. Robert L. McIntire.

Eduardo fez os estudos superiores na Escola Paulista de Medicina (1948-1953).

Em 12 de dezembro de 1953, pouco antes da formatura, casou-se com Nelly Bolli[n]ger, nascida em São Paulo em 2 de maio de 1931, filha do Sr. Paulo Guilherme Bolli[n]ger, de origem suíça, presbítero da Igreja de Campinas, e de D. Ana Luíza Nogueira de Souza Bolli[n]ger. A cerimônia nupcial foi realizada em uma das salas do Seminário Presbiteriano de Campinas, visto ainda não estar concluído o salão nobre daquela casa de profetas. Foram oficiantes o Rev. Américo J. Ribeiro, pastor da Igreja de Campinas, Rev. José Borges dos Santos Jr., cuja esposa fora criada com a mãe da noiva e era sua xará, e o pai do noivo, o veterano Rev. Edward Epes Lane, então com 80 anos de idade.

Após o casamento e a formatura, o casal seguiu para os Estados Unidos, onde Eduardo fez a sua residência médica no Grady Memorial Hospital, em Atlanta, na Geórgia, durante um ano e meio. Era a época da Guerra da Coréia e havia falta de médicos nos Estados Unidos. Em meados de 1955, o casal Lane passou a residir em São Paulo, no bairro do Cambuci, época em que frequentaram a Igreja Presbiteriana do Jardim das Oliveiras.

Um ano depois (1956), o Dr. Eduardo foi dirigir o Hospital Evangélico de Rio Claro, que havia sido doado pelo conhecido filantropo presbiteriano, Coronel Joaquim Ribeiro, à Associação Evangélica Beneficente. Essa instituição achava-se em situação precária e foi plenamente recuperada pelo novo diretor, que residiu nas próprias instalações do hospital.

Em julho de 1962, o Dr. Lane fixou residência em Campinas, onde permaneceu o restante da sua vida. De início trabalhou na Clínica Diagnóstica, criada em parceria com o irmão John Lane, também médico. Essa organização evoluiu até se transformar na Clínica Eduardo Lane, localizada na propriedade da família no Jardim Guanabara, que enfrentou dificuldades e até mesmo críticas de certos setores, mas acabou se tornando uma das mais conceituadas da cidade e uma referência pelo seu padrão de atendimento.

Outra importante área de atividade do Dr. Eduardo foi a esfera eclesiástica, tanto no âmbito local e regional quanto nacional. Foi eleito presbítero pela primeira vez em 1959, na 1ª Igreja Presbiteriana de Rio Claro. Em 1962, tornou-se presbítero da Igreja do Jardim Guanabara, que iniciou as suas atividades nas dependências do Seminário Presbiteriano e depois transferiu-se para instalações próprias no mesmo bairro. Exerceu por duas vezes o cargo de presidente do Presbitério de Campinas, foi 1° e 2° secretário várias vezes e secretário executivo por doze anos. Presidiu o Sínodo de Campinas em duas ocasiões, foi 1° secretário uma vez e membro do tribunal do Sínodo de 1997 a 1999. Em 1978, o Dr. Eduardo ficou responsável pelo ponto de pregação da sua igreja em Barão Geraldo, nas proximidades de Campinas. No mesmo ano, pregou na comemoração das bodas de prata do casal o velho amigo Rev. José Borges dos Santos Jr. No ano seguinte, a família Lane transferiu a sua residência para aquele próspero subúrbio. Após fazer um estágio na área de endocrinologia ginecológica em Leeds, Inglaterra, em 1980, o Dr. Lane passou a residir definitivamente em Barão Geraldo, cuja Igreja Presbiteriana foi organizada em 1982. Nesse ano ele tornou-se presbítero da sua nova igreja.

Sempre disposto a servir à causa à qual tanto se dedicaram o seu pai e o seu avô, o Dr. Eduardo foi reitor do Seminário Presbiteriano do Sul de agosto de 1966 a dezembro de 1974, uma época conturbada da vida da igreja. Graças ao seu espírito conciliador, auxiliou grandemente aquela instituição teológica. Nas palavras da esposa Nelly, ele foi como o menino que colocou o dedinho na rachadura do dique para impedir que os danos se tornassem irreversíveis. Em 1974, concorreu à presidência do Supremo Concílio da Igreja Presbiteriana do Brasil. Foi representante da IPB na assembléia do Instituto Gammon, em Lavras, e presidente da mesma. Em 1990 e 1994, foi eleito pelo Supremo Concílio para integrar o Conselho de Curadores do Instituto Presbiteriano Mackenzie, ocupando a presidência do referido órgão de agosto de 1994 a julho de 1999. Foi ainda membro da Junta Regional de Educação Teológica (JURET) do Seminário de Campinas desde março de 1995, e presidiu a mesma até dezembro de 1998. Também foi membro da Comissão de Relações Intereclesiásticas (CRIE) da Igreja Presbiteriana do Brasil a partir de julho de 1999 e presidiu essa comissão.

O Dr. Eduardo Lane (III) deixou oito filhos, quatro homens e quatro mulheres:

  • Eduardo Lane (IV), nascido em 16 de abril de 1955 nos Estados Unidos, agrônomo;
  • Paulo Bolli[n]ger Lane, nascido em 4 de abril de 1956, em Campinas, engenheiro mecânico;
  • Margaret Lane, nascida em 28 de outubro de 1959, em Rio Claro, educadora cristã;
  • Anelisa Bolli[n]ger Lane, nascida em 10 de novembro de 1960, em Rio Claro, enfermeira;
  • Mary Lane, nascida em 28 de outubro de 1961, em Rio Claro, educadora cristã formada pelo IBEL;
  • Sara Bolli[n]ger Lane, nascida em 18 de setembro de 1962, em Campinas, professora de educação especial;
  • William (Billy) Lacy Lane, nascido em 13 de outubro de 1963, em Campinas, pastor e professor de teologia;
  • Marcus Bolli[n]ger Lane, nascido em 2 de maio de 1970, em Campinas, engenheiro mecânico.

Sara e Marcus nasceram, respectivamente, no dia do aniversário do pai e da mãe. Eduardo IV, Margaret, Anelisa e Sara residem nos Estados Unidos.

O Dr. Eduardo [Eduardo Lane III] deixa também treze netos.

A cerimônia fúnebre foi realizada no auditório do Seminário Presbiteriano de Campinas, sob a direção do Rev. Dr. Silas de Campos. Vários oradores, tanto pastores como leigos, fizeram uso da palavra, destacando o caráter íntegro e as valiosas contribuições do ilustre falecido. O boletim da Igreja Presbiteriana de Barão Geraldo contendo o programa do culto memorial incluiu uma expressiva reflexão escrita pelo Rev. Dr. Waldyr Carvalho Luz, ex-professor do seminário, destacando três aspectos da vida do Dr. Eduardo Lane: o médico ilustre, o cristão modelar e o cidadão exemplar. O sepultamento foi realizado no final da tarde no Cemitério Flamboyant, falando na ocasião, em nome da igreja nacional, o Rev. Guilhermino Cunha, presidente do Supremo Concílio.

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Categories: Autobio, Autobiography

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