[Vide a foto “PARENTES”]
Começo com uma foto, em que estão presentes, da esquerda para a direita e de trás para a frente:
- Paloma Epprecht Machado Campos Chaves (somos um par e um casal há quase 15 anos)
- Andrea Chaves (minha filha mais velha, há quase 50 anos)
- Madeline Mathews (minha neta mais nova, há quase 16 anos, filha da Andrea)
- Eu (continuo mais ou menos o mesmo há quase 80 anos completos)
- Adriana Tavares Romero (mulher do Rodrigo há uns 20 anos)
- Rodrigo Romero (foi meu enteado de 1974 a 2008, meio irmão da minha filha Patrícia)
- Felipe Tavares Romero (filho mais novo da Adriana e do Rodrigo)
- Patricia Chaves (minha filha mais nova há mais de 47 anos)
- Gabriela Tavares Romero (filha mais velha da Adriana e do Rodrigo).
Faltam na foto:
- Olivia Mathews (minha neta mais velha, filha da Andrea, que estava nos Estados Unidos)
- Marcelo Chaves de Moraes Salles (meu neto do meio, filho da Patrícia, que estava na praia em Santa Catarina)
- Bianca Epprecht Machado França (minha enteada mais velha e minha filha de coração, filha da Paloma, com 26 anos)
- Priscilla Epprecht Machado França (minha enteada mais nova e também filha de coração, filha da Paloma, com 24 anos)
- Gabriel Montgomery Wild (que seria meu neto mais velho, com 23 anos, exceto pelo fato de que era filho de quem foi uma enteada minha, durante 34 anos, de 1974 a 2008, Tatiana Romero Wild, irmã plena do Rodrigo e meia-irmã da Patrícia, da mesma forma que a Gabriela e o Felipe, mencionados atrás).
Uso a foto para discutir o fato de que a questão de parentescos, que era uma questão sólida até há algum tempo, vem se tornando cada vez mais líquida. Tentarei explicar da forma mais objetiva e natural que eu consigo, recorrendo ao caso da minha família mais próxima.
Fui casado duas vezes antes do casamento atual com a Paloma, que logo completa quinze anos, vindo desde 2008 (em uma das várias modalidades de casamento existentes hoje: primeiro simplesmente vivemos juntos, depois celebramos um contrato particular de união estável, depois celebramos uma escritura pública de união estável, depois nos casamos formalmente, primeiro em cartório, transformando a união estável em casamento, depois na igreja). Entre a primeira modalidade e a última se passaram quatro anos.
Do meu primeiro casamento, que durou de 1967 a 1974, tive uma filha, Andrea, nascida em 1973. O meu casamento com a mãe da Andrea, cujo primeiro nome (composto) é Maria Luiza, foi o primeiro casamento para os dois. Depois de nossa separação, ela veio a se casar de novo, nos Estados Unidos, com alguém que já tinha três filhos. Aqui começam as dificuldades de definir parentesco. A Andrea, minha filha com a Maria Luiza, generosa como é e sempre foi, considera os três filhos do segundo marido da mãe dela como “irmãos” dela — embora não sejam, na realidade, e stricto sensu, não tenham parentesco nenhum com ela, não sendo nem mesmo seus “meios-irmãos”, pois não têm nem a mesma mãe nem o mesmo pai dela. A Maria Luiza não teve filhos no segundo casamento.
O meu segundo casamento, que durou de 1974 a 2008, quase 34 anos, foi com (cito apenas o primeiro nome como fiz no caso anterior) a Sueli, que veio a ser a mãe da Patrícia. Para ela, também era o segundo casamento, e ela já tinha dois filhos de casamento anterior, a Tatiana e o Rodrigo. A Patrícia e a Andrea são meias-irmãs, pois, embora não tenham a mesma mãe, eu sou pai das duas, fato de que tenho muito orgulho. A Patrícia é meia-irmã da Tatiana e do Rodrigo, por que os três são filhos da mesma mãe, embora tenham pais diferentes. Mas a Andrea, stricto sensu, não é nada da Tatiana e do Rodrigo, porque não tem nem o mesmo pai nem a mesma mãe deles (que são, entre si, irmãos plenos, por assim dizer). Logo, eles não são nem meios-irmãos da Andrea, embora esta sempre se refira a eles como “meus irmãos”, sem qualquer qualificativo, como na postagem da foto no Facebook, o que eu, pessoalmente, acho altamente louvável.
A Andrea também se considera irmã (ela não usa qualificativos) da Bianca e da Priscilla, filhas da Paloma, embora, mais uma vez, stricto sensu, elas não tenham parentesco, pois são filhas de pai e de mãe diferentes. Mas, “na prática”, são irmãs, por assim dizer, “por associação”. As minhas netas Olivia e Madeline, filhas da Andrea, sempre consideraram a Bianca e a Priscilla como tia delas. Acho lindo.
Para continuar e aumentar as complicações.
Os irmãos da Maria Luiza (a minha primeira mulher), o Sabino e a Teresinha, me consideram cunhado deles até hoje, embora tenha me separado da irmã deles há mais de 48 anos. Na verdade, a Teresinha e eu nos consideramos irmãos e nos tratamos de “mano” e “mana”, porque nos sentimos como irmãos ainda hoje — e o sentimento tem se tornado até mais forte com o passar dos anos. Mas tenho pouco contato com os filhos deles (os meus cunhados do primeiro casamento), que seriam, ou, preferivelmente, são, meus sobrinhos.
Com os irmãos da Sueli, Marcos, Paulo e Denise, não tive quase nenhum contato depois de minha separação da irmã deles. No entanto, tenho bom relacionamento com os filhos dos irmãos da Sueli: a Mônica e o Paulo Humberto, os filhos mais velhos (com os quais convivi) do Marcos, que ainda me consideram tio e me chamam de tio, e os filhos mais velhos da Denise, o Alexandre e a Andrea, que também me consideram tio e me chamam de tio. Não tenho contato com o filho mais novo do Marcos nem com o filho mais novo da Denise.
Como mencionei atrás, o Gabriel eu sempre considerei meu neto mais velho. Ele é filho da Tatiana, filha mais velha da Sueli. Mas, depois da minha separação da Sueli, meu contato com o Gabriel, que, um dia, quando ele tinha uns cinco anos, me declarou “seu avô favorito” (e isso na frente dos seus dois avôs naturais, o pai da mãe e o pai do pai dele), me foi “desnetado”, não por iniciativa nem por desejo meu. Aliás fiz um filminho até bacaninha sobre o que significava ser avô do Gabriel. Isso em 2004. O relacionamento com a Gabriela e o Felipe, filhos do Rodrigo e da Adriana, foi mais benigno, até porque o meu relacionamento com o pai e a mãe deles não foi cortado tão profundamente como o acabou sendo o meu relacionamento com a Tatiana e o Alexandre, marido dela.
Por fim, um caso ainda especial. A Mary Grace e o Maurício Andrioli, por causa da grande amizade que a Paloma e a Mary tinham, acabaram se tornando nossos afilhados (fomos padrinhos de casamento deles) e nossos padrinhos (reciprocando, eles foram nossas testemunhas no casamento civil e padrinhos no casamento religioso). Além disso, somos padrinhos do André, filho deles (na realidade, stricto sensu, filho do Maurício e enteado da Mary), e da Ana Beatriz, filha dos dois — neste caso, por adoção, “de comum acordo”. Em relação à Mary e ao Maurício, somos, a Paloma e eu, padrinhos, afilhados e (bi-) compadres. Na realidade, o sentimento é que eles são, na realidade, nossos irmãos. Eu os vejo com mais frequência do que aos meus irmãos naturais (de sangue), e a Paloma, embora veja seus irmãos naturais dela com maior frequência do que eu vejo os meus (porque o pai dela mora conosco e eles frequentemente estão aqui), também os considera irmãos, independentemente da frequência com que se encontram pessoalmente.
Não era meu intuito escrever um tratado sobre o assunto, nem esta peça chega perto de ser algo dessa natureza. Mas este artiguete teve o objetivo de ressaltar que nossa língua portuguesa, enaltecida por alguns como uma das mais ricas línguas atualmente existentes, carece de palavras para diferenciar parentescos naturais dos parentescos históricos e/ou de coração, embora não tenha ainda eliminado, da linguagem, para efeitos práticos (como o faz a Andrea), as distinções que é possível estabelecer.
Se cansei os que se dispuseram a ler algo que tem que ver apenas com minha família, peço desculpas. Se ofendi a outros tratando de assuntos muito particulares num foro público, também peço desculpas.
É isso.
Em Salto, 4 de Janeiro de 2023 (Revisado no dia seguinte).
(Vou fazendo a revisão aos poucos… Pode haver erros e cochilos, pelos quais também peço desculpas. Nunca pedi tanta desculpa de uma vez só em minha vida.)
Categories: Parentescos
Leave a Reply