As Tralhas Criadas pela Obsolescência Tecnológica (Planejada)

Eu, de vez em quando, tento dar arrumada em minhas tralhas – e tralha é o que não me falta. Para dar uma ideia, tenho,

  • na área de áudio (a área musical), uma enorme coleção de discos LP, vários disquinhos de 45 rpm, fitas cassete de todo tamanho, CDs, pen drives, etc. — com literalmente dezenas de milhares de músicas;
  • na área de imagem estática (a área fotográfica), tenho literalmente centenas de milhares de fotografias impressas, filmes revelados, fotos digitais em disquetes (lembram-se da Sony Mavica? eu tenho uma), em CD-ROMs, em pen drives, etc.;
  • na área de imagem dinâmica (a área de filmes profissionalmente feitos), tenho centenas, provavelmente ultrapassando um milhar) de fitas VHS, DVDs, Blu-Rays, etc.;
  • na área de imagem dinâmica (a área de vídeos gravados pessoalmente, ou por terceiros conhecidos, ou recolhidos anonimamente na Internet;
  • na área da tecnologia necessária para reproduzir essas coisas, tenho quase tudo.

O dinheiro investido para acumular tudo isso foi significativo. A emoção investida, ao longo dos anos, em ouvir as músicas, ver as fotografias, os filmes e os vídeos foi significativa.

PERGUNTA:

O que eu faço com tudo isso? A maior parte do material que é audível ou visível está nas nuvens. Em termos de tecnologia para reproduzir o material que está nas nuvens, qualquer desktop, laptop, notebook, tablet, palmtop, ou telefone, até o mais barato, reproduz. Mando tudo isso para o meu museu, para ficar com o resto da tecnologia tornada obsoleta, de forma planejada, pelas empresas de tecnologia? Mas o meu museu já está bem cheio! Invisto em aumentar o museu apenas por amor à história da arte?

A fotografia minha mais antiga que tenho (impressa, naturalmente) é no colo de minha mãe, no alpendre de nosso bangalô de madeira (varanda, sala, quarto e cozinha) em Lucélia, SP. Foi tirada no dia 29 de setembro de 1943. Eu tinha exatos vinte e dois dias. Estava tão empacotado, como era costume na época, que mal se vê minha carinha…

Em Salto, 16 de Fevereiro de 2024



Categories: Liberalism

2 replies

  1. Em tempos em que temos tanto acesso a conteúdo fácil, na palma da nossa mão, possuir um acervo físico é uma raridade. São coisas que ocupam espaço, demantam tempo, dinheiro, vontade e atenção.

    No entanto, cada item tem a sua história, no mínimo, uma emoção atrelada. Não que ao descartar esse item você esteja jogando fora o que está associado a ele. Jamais. Porém é um fragmento de algo maior, que ao bater o olho você já sabe. É preciso ser desapegado daquilo que não agrega. Mas aquilo que faz parte da nossa história e da nossa personalidade, deve ser preservado.

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